RODA DOS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS
26/09/2020To Change (Mudar)
12/11/2020Mudar
Nos últimos dias o verbo “Mudar”, nas suas mais variadas formas e tempos, tem-me ocupado o pensamento.
A própria língua portuguesa (a par com a espanhola) tem dois verbos diferentes, “ser” e “estar”, para expressar o que em inglês, francês, alemão, holandês e várias outras línguas se traduz num único verbo. O que os distingue é o estado permanente ou temporário daquilo a que se referem. O nome, por exemplo, é uma condição permanente. Aplicamos o verbo “ser” porque não é expectável que alguém vá mudar de nome. Eu “sou a Ana” e assim serei para sempre. Já se eu ficar doente, direi “estou doente” porque espero que seja uma coisa temporária.
Mas se deixar de pensar nas coisas que me conferem estabilidade, porque sei que serão sempre as que dão forma física ao mundo como eu o conheço, sou obrigada a sair da zona de conforto e a olhar nos olhos o desconhecido. Tenho que trocar o certo pelo incerto. Assustador ou desafiante?
Uma casa é uma casa, os meus filhos são os meus filhos, o mar é o mar, os países são os países e uma pessoa é uma pessoa. Mas e a vida que acontece dentro de todas as coisas sem dar tréguas? Quase me sinto tentada a dizer que a única coisa permanente é a mudança. Quantos tipos de casas existem? Por quantas mudanças já passaram as vidas dos meus filhos desde que nasceram? Até o mar está a mudar devido à ação do homem.
Algumas mudanças são voluntárias, fáceis ou difíceis, alegres ou tristes, mas acontecem como resposta à nossa vontade, fazem parte do caminho que traçamos para chegarmos aos nossos objetivos. Outras aparecem para nos surpreender com momentos de felicidade. Mas, e aquelas que surgem do nada, que nos atingem como um murro no estômago, que deitam ao chão pilares que nos sustentam e sonhos que nos fazem voar?
A verdade é que o tempo, para além de terapêutico, é um excelente professor. As experiências de vida, boas ou más, dão-nos resistência e capacidade para pôr as coisas em perspetiva, para além de terem o enorme mérito de nos lembrar que já passámos por situações tristes, desafiadoras, traumatizantes e não só sobrevivemos, como nos levantámos do chão e voltámos a dançar na poeira. Depois da tempestade vem a bonança.
A vida é o maior presente que nos foi oferecido e mostrar o nosso agradecimento significa abraçá-la sem medos, intensamente, mesmo quando ela nos leva para o lado lunar, na certeza de que a noite não dura para sempre e o sol vai voltar a brilhar.
Ana Baltazar
23/13/2020