My postman is wise
25/09/2020MUDAR
23/10/2020RODA DOS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS
Ao longo da vida perdemos a conta aos conselhos, opiniões, frases feitas e muitas outras variantes sobre aquilo que faz com que os relacionamentos sejam felizes ou não. Desde crianças aprendemos com os exemplos do nosso ambiente envolvente mais próximo. Família, amigos, vizinhos… a vida acontece diante dos nossos olhos absorventes de crianças curiosas e as imagens, boas ou más, ficam registadas no nosso subconsciente. Estamos a crescer, precisamos de referências para formar a nossa personalidade. Então o nosso cérebro processa como verdadeiras as informações que vai retirando das nossas experiências, nesta fase sensorial. Aquilo que vemos, ouvimos e sentimos transforma-se em crenças que se tornam a base das nossas decisões futuras.
Isto aplica-se a todos os aspetos das nossas vidas, claro. A nossa relação com o dinheiro, por exemplo: se crescemos a ouvir que “o dinheiro não traz felicidade”, passamos a olhar para ele como uma coisa nociva, uma ameaça para a possibilidade de termos uma vida feliz. Verdade ou crença?
Mas hoje não é por aí que vou. O tema hoje são os relacionamentos. Os saudáveis. Que segredos esconde aquele casal que irradia felicidade, que parece ter erguido em conjunto uma muralha indestrutível contra qualquer tipo de ataques exteriores, que se une e juntos aniquilam à nascença a menor possibilidade de ameaça interna?
Já sei. A maioria das pessoas responderia amor. E sim, claro que sim. Tem que haver amor.
Mas… o que é o amor?
O amor é apenas um conceito vago, uma luz branca e intensa, uma sensação de aconchego, um bem-estar indefinido?
Sim, porque paixão é mais fácil de definir: é uma reação química, um jogo de ímanes, borboletas no estômago, coração a galope, temperatura a subir…. É uma peça da construção, mas será um pilar ou um tijolo? Será que a casa vai abaixo se ela esmorecer ou desaparecer?
Sim, porque amizade todos sabemos o que é: é confiança, cumplicidade, bons momentos passados juntos, é ter a certeza de que aquela pessoa é para sempre. Vai estar lá para nós sempre e para sempre.
Então… de que é feito o amor?
O amor é uma mistura de tudo isso e experimentá-lo uma vez que seja, só por si já seria razão para ter nascido.
E aqui chegados, lamento desiludir, mas o amor não é a resposta certa. O amor não é suficiente para garantir um relacionamento saudável. Faltam outros “ingredientes” essenciais.
A roda dos relacionamentos saudáveis identifica os mais importantes, que se caracterizam assim:
- Responsabilidade: Ser responsável pelos seus atos e comportamentos. Ter coragem para assumir os erros e humildade para corrigir o que for necessário.
- Segurança: Assegurar um ambiente de paz no relacionamento. Isto inclui não intimidar, agredir ou manipular, verbal, física ou intelectualmente.
- Honestidade: Expressar com sinceridade os sentimentos. Partilhar os sonhos e as tristezas. Dar e receber de coração aberto. Não esconder emoções nem se refugiar no silêncio quando as coisas não correm bem. O ressentimento é uma arma letal.
- Apoio: Estar presente e disponível. Mostrar que se preocupa. Cuidar do outro quando ele precisa. Encorajar e valorizar as suas escolhas e opiniões. Fazê-lo sentir-se especial.
- Cooperação: Tomar decisões em conjunto. Procurar soluções consensuais para os conflitos. Aproveitar as melhores caraterísticas individuais de cada um e agir com espírito de equipa.
- Confiança: Aceitar a individualidade do outro e acreditar que ele está na relação porque é onde quer estar. Reconhecer que o passado não pode ser apagado, mas o futuro pode ser construído.
Todos eles contribuem para o mais importante de todos, que é o respeito. Respeito vezes 3. Pelas 3 vidas que existem dentro de uma relação. A sua própria, a do seu parceiro(a) e a das vossas duas vidas juntas.
Toda a gente gosta de ser respeitado. Mas é preciso não esquecer que para ser respeitado é preciso respeitar-se a si mesmo, conhecer-se, aceitar-se, valorizar-se. Só quando somos absolutamente verdadeiros para connosco próprios nos podemos dar a conhecer sem reservas e ser amados por aquilo que somos. É natural que a outra pessoa fique desinteressada de nós se nos anularmos para lhe agradar. A pessoa que lhe interessou no início já desapareceu.
Respeitar o outro é exatamente a mesma coisa. Gostar de alguém é dar-lhe espaço para ser quem é. Acompanhar. Estar ao lado. Nem à frente, nem atrás.
E respeitar a relação é tentar que ela seja equilibrada e gratificante para os dois. Não é preciso que esteja sempre a 50/50. As circunstâncias poderão ditar que um dos dois tenha que se recolher temporariamente na sombra para resolver prioridades do outro. O que não pode acontecer é que este desequilíbrio seja constante e que a balança pese sempre mais para um lado do que para o outro.
Sobretudo, é importante ter sempre em mente que não é um relacionamento que vai tornar a sua vida completa e feliz. O relacionamento saudável só pode acontecer quando as pessoas já entram nele em paz consigo mesmas e com as suas próprias vidas.