“Bloom where you are planted”

“Bloom where you are planted”, o que traduzido para português fica qualquer coisa como: “floresça onde está plantado” é uma frase cujo crédito se atribui ao Bispo de Genebra, São Francisco de Sales (1567-1622) e que foi popularizada por Mary Engelbreit, apesar de muitos verem o sentido da frase espelhado em vários versículos da Bíblia, nesse tempo ainda relacionado com o facto de as deslocações na época serem muito difíceis, o que fazia com que a maioria das pessoas ficassem toda a vida no sítio onde nasciam.

Entretanto, especialmente a partir da Revolução Industrial, a facilidade de movimentação de pessoas aumentou exponencialmente e com o desenvolvimento da tecnologia, o mundo tornou-se uma aldeia global.

Será que a expressão deixou de fazer sentido? Ou será que ganhou outro significado? Ou será ainda que tem a paleta pessoal de cores que cada um lhe atribui? Porque todos temos uns “óculos” especiais que nos mostram o mundo com as cores com que o pintamos. A nossa sensibilidade, o nosso entendimento, as experiências que fomos acumulando e nos moldaram para sermos quem somos no momento presente, todos contribuem para a perceção que temos do universo que nos envolve.

Para mim, a frase é extremamente poderosa, simples e profunda. Para mim significa extrair o melhor possível de nós, sejam quais forem as condições do ambiente onde nos encontramos. Ou seja, o interior tem capacidade para se adaptar aos condicionalismos exteriores e através desse processo, conseguir os seus objetivos. Tal como as rochas não detêm a água do rio no seu percurso até ao mar. Podemos conduzir os nossos pensamentos, somos donos das nossas ações, moldamos o nosso destino. Como?

Parando para refletir acerca do nosso verdadeiro eu. Olhando para dentro de nós, ouvindo a nossa voz interior. Abraçando as nossas imperfeições. Com coragem. Vale a pena fazer esse esforço. Afinal, a única pessoa que está na nossa vida desde sempre e para sempre somos nós mesmos. Nem que fosse só por isso, seria merecedora de que fizéssemos o melhor possível por ela.

Timothy Shriver, ativista americano pelos Direitos da Deficiência e Presidente da Special Olympics desde 1996, escreveu no seu livro “Fully Alive: Discovering What Matters Most”, num capítulo onde fala sobre os atletas olímpicos especiais com quem trabalha:  “Se vamos perseguir os nossos sonhos, se vamos reunir a coragem e o otimismo necessários para trazer esses sonhos à vida, precisamos silenciar as vozes nas nossas cabeças e à nossa volta que nos dizem para não tentar.” (Shriver 2014: 196)

Sim, mas onde vamos encontrar forças para encontrar essa coragem escondida quando nos sentimos desanimados, atolados em problemas, presos nas circunstâncias da vida, inseguros em relação ao futuro?

Em nós mesmos. Olhando lá para trás até encontrar aquele momento especialmente difícil que vivemos. Focando-nos nesse momento e na dor que sentimos.

Vamos viajar até lá e permanecer lá relembrando os detalhes.

Ainda dói? É possível. Foi marcante.

Mas foi. Já não é mais. É passado. É um obstáculo superado. É uma experiência de vida a que sobrevivemos. E que agora, com o distanciamento que o tempo proporciona nos parece menos violenta, suavizada.

Podemos começar a fazer o caminho de volta para o tempo presente, trazendo connosco a força de saber que de alguma forma tivemos coragem para continuar em frente.

E enquanto caminhamos, respondemos a estas perguntas:

– Qual foi a motivação que me levou a lutar contra a situação?

– Quais foram as ações que tomei para sair da situação?

– Que pontos fortes existentes em mim utilizei?

– Que lições tirei dessa experiência?

– Como me senti quando superei esse obstáculo?

Pense agora em todos os momentos felizes que já viveu depois disso. Com consciência de que o responsável pela mudança foi você. Porque tem capacidade, coragem e determinação para pintar o seu futuro com cores brilhantes e alegres. Já o fez. Pode fazê-lo outra vez, agora com mais facilidade porque reconhece que apenas depende de si, da sua atitude, da sua vontade. Não das circunstâncias à sua volta. Então… floresça onde está plantado!